quarta-feira, 10 de novembro de 2010

SOLILÓQUIO EVENTUAL






Num sei não, sinhô dotô. Sou fio do chão e sem teto. Dessi jeito me amperto, conforme deus mandô. Aconseio minhas fias a cuidá bem das crias, com carim, comida, consei e amô.






É muita falação, conversa pra boi drumi, genti qui veve a fingir qui gosta de nóis daqui.


Sabemo que genti di posse num tem pena de quem veve com renda pequena.






Saí cedo da iscola, pra modi cuidá da lida. Sei qui saco vazi num para impé. Num é vida isculida, num é qui a genti qué.






Semo trabaiadô. Sonho in vê meus neto com us istudo compreto, inté virado dotô.


Num é o qui o sinhô deseja, tem medo da peleja na hora di cumpeti. Intão, chama nóis de cego. Achu graça, num nego.






Mais num fica aperriado, o sór bate na cara di todos.Quando se acostumá com nossa cara


sentada na merma sala que vossa celênça, Vai vê qui nossa genti é tão intiligente


como os fio do sinhô. Daí seremo tudo irmão, como deus nosso pai insinô.






Agora dá licença, num posso ficá proseando. Cês chama nóis de vagabundo, mas a hora tá passando, o trabai ta misperando e a condução é a canela. Inté mais vê. Num sisqueça duma coisa, somo tudo brasilero. Nem pricisa falá nada, podi ri da minha cara, seus fi e o sinhô.










JULENI ANDRADE

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