quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

SERÁ HOJE A MINHA MORTE





Hoje é o último dia desta minha vida!


Morro sóbria e acordada...

após matar meu o último dragão feroz.



Comi as vísceras de um anjo...

Ele insistia em guardar minhas costas

do mal que assolava minha paciência.



Bebi a derradeira gota de veneno...

matando a naja enfurecida que atacava-me.

Ela foi enterrada aos pés do verde monte ilusório.



Senti, mais uma vez, o minuano...

Não sentirei mais, não ouvirei seu uivo.

A frente fria não mais atingirá meu corpo quente.



Depois da meia noite, de hoje, estarei enterrando-me,

junto com todos os absurdos desta vidinha...

Não haverá nenhuma flor, nenhuma vela.



Na próxima aurora será um novo resplandecer...

Como um pássaro livre e sem predador,

irei nascer com um novo semblante.



Meu primeiro choro será ouvido e reconhecido...

por quem souber compreender minha estranheza.

Não nascerei do barro e, sim do berro!



Adeus às velhas brumas dos olhares chuvosos...

Meu novo existir será mais intenso, mais extenso.

Não usarei estas vestes envelhecidas e conformadas.



JULENI ANDRADE


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