segunda-feira, 3 de maio de 2010

TORTURANTE






Retorcida à noite inteira,

sem tocar de sinos...

Goteira molha a cabeceira,

vozes frias esquentam a esquina.



Na rua de cima gritos ardem,

janela fechada,

fachada crua.

Chuva esconde loucuras...

Ao travesseiro, lágrimas entornadas.



No muro, o limo esconde o azul.

A lua finge ser brejeira.

Há crateras também na rua.

Nua, a lua, insensível cala-se.



Nenhuma fala quebra o gelo,

nenhum apelo com palavras.

O quarto treme de medo,

o escuro esconde a tortura.



Amanhecer é preciso...

para espantar os grilos

que moram naquela cabeça.





JULENI ANDRADE





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