
quinta-feira, 29 de julho de 2010
ARRASTO
Trago da partida restos de sorrisos brandos,
um lenço que serviu para o aceno na despedida,
sais de algumas lágrimas surgidas da emoção.
De lá para cá, compreendi minha condição.
Sou andante de uma trilha traçada aos berros,
um trajeto construído como parte do acordado.
Não rasguei nenhum sonho, eles vieram na bagagem...
são como miragens nas areias dos desertos noturnos.
Eu faço juras de realizações quando anoitece no meu rosto.
Quando acordo reviro as latas, numa busca desesperada
por migalhas de auroras de outrora.
Com o descortinar dos dias aprendo sonhar com moderação,
dirigir com atenção, não beber tanta fantasia,viver regando os jardins.
Mas... não esquecer de alimentar a famigerada
realidade arregalada bem em frente ao meu nariz.
Escolho cada uma das minhas ilusões e com muito cuidado.
Algumas não se dão bem com verdades nuas.
Os mais antigos soluços levo para banhos de sol,
quando é possível.
Os suspiros gostam dos dias iluminados,
eles lembram da tenra flor da juventude...
aquela mais bela e graciosa, que só vejo nas fotos
e no deslocamento impulsivo
dos raios custumizados na mente.
Arrasto.. num rumo inevitável.
Como se as lanças transmissoras de energia vital
soprassem um bafo em minhas evidências
de passado, presente e futuro.
JULENI ANDRADE
sábado, 10 de julho de 2010
MEDIA TRAINING DO SILÊNCIO
Assim, imagem não é necessariamente a realidade,
mas sim o que é mostrado e o que a pessoa vê.
(Ferreira)
É mais que grito, susto aflito,
é fraco de tão forte.
Corta raízes e planta nuvens,
abre alas com alegorias flutuantes...
sob a cor vibrante de um pingo de instante.
Cala quando fala de morte, sorte e dor,
fala de amor, sonhos e vida, fita e fio,
mãe, sabor, desejo e filho.
Nega o que vê e desdenha o medo.
Esconde temor, colhe chuva nas areias dos olhos.
Cega, enxerga, morre e nasce no silêncio assustador.
Levanta as asas abertas pelo sopro do autor.
É mais que grito,
é criação da imagem de todo silêncio.
JULENI ANDRADE
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